No pós-crise, a retomada do consumo é desigual

Enfim o Brasil sai da recessão… Em relatório recente divulgado pelo Banco Central, a economia brasileira cresceu em 2017 o suficiente para sair da recessão. Os números indicaram aumento de 1,04% na comparação com 2016. Segundo estudo recente da consultoria Tendências, publicado recentemente pela revista Exame, o Brasil deverá crescer 2,8% no PIB em 2018. Mas, infelizmente, nem todos os estados da federação podem dizer isto. De fato, as diferenças regionais evidenciam aqueles que oferecem ambiente mais favorável para investimentos e onde o capital privado é mais importante, daqueles que dependem mais do setor público na sua economia.

Este estudo revela que apenas um terço dos estados conseguirá recuperar plenamente, até o final do ano, as perdas acumuladas desde 2014. Mas alguns estados estão em situação agravada por conta da derrocada dos seus principais impulsionadores do passado. Casos como o do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Pernambuco são os exemplos mais complexos. No caso do Rio, uma trágica combinação de fatores, que vão desde os altos investimentos dos jogos olímpicos, uma crise politica sem precedentes, o descontrole dos gastos públicos e os descalabros de corrupção sofridos pela Petrobras levaram a um quadro de falência do estado. Para os varejistas, a crise da segurança pública, potencializada pelos roubos de cargas (foram 10.599 registros no ano passado) e os altos índices de desemprego (90 mil vagas foram fechadas em 2017 – nos últimos três anos, o estado perdeu 513,7 mil empregos) assustam e adiam planos de novas lojas. Somente no ano passado, cerca de 8.000 lojas fecharam no estado. Como consequência, poucas redes preveem abertura de novas unidades no estado.

O Rio Grande do Sul foi o 3º estado que mais fechou vagas. Foram 8.173 postos de trabalho encerrados no ano passado. Com um déficit de R$ 6,9 bilhões, previsto para 2018 no orçamento estadual e 25 meses consecutivos de atraso no pagamento dos servidores estaduais.

Mas é o estado de Pernambuco que se encontra mais longe de recuperar os níveis do PIB de antes da crise. Sem a ajuda do governo federal – foram R$ 36 bilhões injetados pelo BNDES entre 2008 a 2014 – o estado está à procura de uma nova alternativa para voltar a crescer. Para entender o tamanho do buraco, entre 2015 e 2017, quase 141.000 postos de trabalho foram fechados no estado. Hoje, Pernambuco tem a maior taxa de desemprego do país, de quase 18%.

Em compensação, há estados que vivem o outro extremo – crescimento acima da economia do país. Estados como Santa Catarina (crescimento de 4,3% no ano passado), Pará (4%), Amazonas (3,1%) e Paraná (2,6%) são alguns exemplos que vão muito bem, obrigado. Santa Catarina, que lidera a lista, tem a menor taxa de desemprego do Brasil ( 6,7%), o maior crescimento nas vendas no varejo (13,5% em 12 meses) e o maior avanço da atividade econômica em 2017.

Considerando as análises do consumo, porém, o varejo restrito fechou 2017 com crescimento real de 2,0%, primeiro resultado positivo após dois anos de retração, aponta o IBGE.

As vendas do “varejo ampliado” (classificação que adiciona ao varejo restrito o atacado e varejo de materiais de construção, veículos, motos, partes e peças) apontam que dezembro de 2017, na comparação anual, teve um crescimento real de 6,4%. Um número bastante animador e promissor. Nesta direção, 2018 aponta para os varejistas que, mesmo em crise, alguns estados já estão esboçando crescimento no consumo, descolando da própria realidade econômica que se encontram.

*Imagem reprodução

Sair da versão mobile