Por Marcos Gouvêa de Souza*
Definitivamente não é o Brasil dos últimos anos que queremos e precisamos. É um País mais moderno, competitivo globalmente em um maior número de segmentos e negócios e não apenas em alguns poucos setores econômicos.
Um país de um estado menos inchado e burocrático. Com uma carga tributária mais equilibrada e limitada. Mais justo socialmente, sem corrupção e sem desperdício de recursos e dinheiro público. Mais ágil, leve e provendo educação, saúde e segurança para a população e criando perspectiva de um desenvolvimento sustentável no longo prazo.
Que absorva com empregos os jovens que chegam ao mercado de trabalho e os estimule ao constante aperfeiçoamento pessoal e profissional.
Sem dúvida essas são propostas facilmente adotadas pela esmagadora maioria da população e, muito provavelmente, aquela adotada por todo o empresariado.
Só que essas palavras, proféticas, não significarão nada e discursos não mudarão a realidade, a menos que possamos mudar a atitude e a ação do setor empresarial brasileiro.
O que vivemos nos últimos anos é resultado de uma combinação perversa, envolvendo políticos comprometidos com suas pequenas causas e governos envolvidos com suas próprias motivações de poder no longo prazo, que nos fizeram recuar, econômica e socialmente, pelo menos cinco anos, desempregou mais de 11 milhões de pessoas e rebaixou salários e benefícios de um contingente ainda maior de trabalhadores.
Mas parte dessa equação perversa é responsabilidade do setor empresarial que não se manifesta e propõe alternativas para o longo prazo porque se organiza de forma pulverizada e fragmentada, defendendo basicamente, interesses setoriais, temporais ou regionais.
Com raras e honrosas exceções, os líderes empresariais do setor privado brasileiro, tal qual os políticos, também se apequenam e pensam muito mais nas demandas pontuais e não naquelas que, antes de mais nada, visassem o melhor para o País no longo prazo.
Em boa parte esse comportamento é inerente à fragmentação da representação empresarial que não consegue alinhar visões, estratégia e propostas para o Brasil e se perde na discussão das questões do cotidiano.
E isso se equivale ao comportamento dos políticos comprometidos com a próxima eleição.
Em boa parte, e com poucas exceções e recursos, o que temos a título de representação empresarial é herança de um sistema sindical criado no passado distante e que não se modernizou ou atualizou. E para complicar ainda mais, é dependente de contribuições obrigatórias recolhidas por meio do Governo, o que compromete sua independência e autoridade.
Não temos uma representação empresarial integrada, supra setorial e nacional de fato e com visão estratégica e propostas de longo prazo para o Brasil.
O exemplo que vem do Japão
Faz falta um organismo ou entidade com a visão plural e de longo prazo como a Keidanren, no Japão, que nasceu logo após a catástrofe da Segunda Guerra Mundial e se organizou para repensar o país integrando todos os setores empresariais com uma estrutura onde todos estão representados e atuantes.
Entidade que olhe o futuro do Japão com a mesma visão que aplica em seus negócios e empresas. Que propõe e discute com os governos e autoridades o que é melhor para o país no longo prazo, porém de forma integrada com os diversos setores empresariais.
Seguramente uma pesquisa no Brasil entre empresários e dirigentes de negócios mostraria profundo alinhamento nas propostas sobre o que é melhor para o País mas, com certeza também, mostraria uma profunda divergência sobre as ações necessárias e as formas de implementar o que se discute.
Está mais do que na hora de repensarmos e revermos a forma como o setor empresarial tem atuado e assumirmos que o futuro que queremos só existirá se sairmos dos diagnósticos e dos discursos para passarmos a atuar de forma mais decisiva para que isso aconteça.
Exatamente como em nossas empresas e negócios.
Nota. No LATAM Retail Show 2016, de 23 a 25 de agosto, no Expo Center Norte, em São Paulo, também será debatido como os líderes, executivos e dirigentes do varejo, shoppings centers, franquias e comércio eletrônico devem se posicionar para que o setor empresarial, em especial o que envolve esses segmentos, se faça representar corretamente na construção de um país moderno e competitivo.
Será um debate aberto, de acesso gratuito, mediante cadastramento, ao final dos dias 23 e 24 de agosto, às 19h, no Grande Plenário do Salão de Convenções. No dia 23 com o debate “E agora Brasil?” e no dia 24 com o debate “O Brasil que queremos”. Participe. Veja a programação completa do evento www.latamretailshow.com.br
*Marcos Gouvêa de Souza (mgsouza@gsmd.com.br) é diretor-geral da GS&MD – Gouvêa de Souza. Siga-o no Twitter: @marcosgouveaGS