Com o intuito de otimizar processos, aumentar a utilização de dados na tomada de decisão, desenvolver novos produtos ou acelerar vendas, a transformação digital passou a ser uma expressão comum aos elos da cadeia do foodservice.
Tecnologias que antes eram tidas como sofisticadas passaram a ser democratizadas e entendidas como necessárias.
Ainda no campo, por exemplo, agricultores controlam umidade do solo, previsão de chuvas, quantidade de substrato para o solo, mapeamento de animais vacinados com o uso da tecnologia e muito mais, ajudando na otimização de custos e potencialização de resultados.
A indústria, que sempre se esforçou para conhecer consumidores a partir de pesquisas, tem investido fortemente em Inteligência Artificial para capturar dados de consumo, opiniões em mídias sociais e estilo de vida dos seus clientes e, dessa forma, predizer mais do que produtos – soluções.
Quando vemos a profusão de produtos plant based, ela responde ao cruzamento de informações que indicam os desejos por um mundo mais sustentável. Certamente essa não é a única resposta, mas é uma delas.
Os elos da distribuição, sejam operadores logísticos, sejam distribuidores, lutam avidamente por maior previsibilidade para assegurar estoques e evitar rupturas no atendimento aos seus clientes.
O máximo desejo é ter informações just in time dos seus clientes, mas, como ainda não é possível, além de capturar dados a partir das suas plataformas de vendas, eles passam a buscar informações junto a startups sobre o perfil dos negócios de foodservice por região e culinária, entre outros aspectos.
Na ponta da cadeia existem os operadores, dos quais podemos destacar dois perfis distintos: as grandes redes, com um altíssimo poder de conhecimento dos seus clientes, especialmente as que possuem aplicativos próprios ou programas de fidelidade já amadurecidos; e os operadores independentes, que possuem uma gestão quase que dirigida por indústrias que têm grande peso em seu negócio ou, ainda, utilizam o feeling e soluções simplificadas para gerir.
Os operadores são o elo mais forte em termos de conexão com os clientes. Porém, com a pulverização existente e a fraca digitalização desse elo, abriu-se oportunidade para o crescimento dos aplicativos de delivery, que estruturaram o seu negócio de forma a conhecer o cliente com profundidade e, portanto, influenciar no seu consumo.
Os negócios menores necessitam do apoio das grandes associações e a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) acena com um conceito chamado de “open delivery” que visa devolver aos bares e restaurantes o poder para conhecer mais sobre os seus clientes. A plataforma será lançada ainda em 2021 e tem o apoio de grandes players para assegurar o sucesso.
Esse novo mindset precisa ser disseminado com maior velocidade para mitigar todos os desafios vividos pelo setor no último ano e trazer de volta ao foodservice seu potencial de exponencialidade.
Pedidos digitais, pedidos por voz, atendimento robotizado, preparação com equipamentos controlados como computadores, tudo isso apoiará na maximização dos resultados. É preciso ter pessoas ainda mais engajadas e tecnicamente preparadas para que a tecnologia seja invisível aos olhos dos consumidores e a experiência seja maximizada.
Cristina Souza é CEO da Gouvêa Foodservice.
Imagem: Envato