Mesmo em um momento economicamente desafiador em todo o mundo, o cenário do empreendedorismo no Brasil parece estar retomando o bom caminho. Após dois períodos consecutivos apresentando decréscimo no volume de novas empresas nos primeiros seis meses do ano, o país registra crescimento de 7,1% no 1º semestre de 2024 em comparação ao mesmo período anterior. De acordo com levantamento realizado pela Contabilizei, esse aumento no índice não acontecia desde o 1º semestre de 2021, após o primeiro ano da pandemia, quando alcançou 35,83%.
Além disso, pelo quarto ano consecutivo, o Brasil segue também superando a marca de 2 milhões de empresas abertas no 1º semestre. No total, foram mapeados 2.151.710 novos CNPJs, o que representa um aumento de 7,1% em comparação ao mesmo período de 2023. O avanço de Microempreendedor Individual (MEI) ficou em 6,8% ao avaliar um ano contra outro, enquanto os não-MEIs tiveram alta de 7,7%.
“A boa notícia é ainda maior porque esse é o 1º semestre que identificamos aumento nas categorias MEI e não-MEI (6,8% e 7,7%) após dois anos sem esse avanço simultâneo”, explica Guilherme Soares, vice-presidente executivo de operações da Contabilizei. “Outro ponto que vale destacar é que faz dois anos também que os setores de comércio, indústria e serviços não cresciam a variação de abertura de empresas juntos como foi agora (1,4%, 4,3% e 10%, respectivamente)”, comenta.
Os dados estão em conformidade com um levantamento do Sebrae, que revelou que os pequenos negócios respondem por cerca de 95% de todas as empresas existentes no país e são responsáveis por 30% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. “As empresas de menor porte contribuem significativamente tanto para a geração de receita quanto para a criação de empregos formais. Elas são fundamentais para o fortalecimento econômico das cidades, impulsionando o desenvolvimento regional”, observa o executivo.
De janeiro a junho, as microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP) foram responsáveis pela geração de seis em cada 10 novos empregos, segundo o Sebrae, a partir de dados obtidos por meio da base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Ou seja, foram mais de 777,2 mil novos postos de trabalho formais criados por pequenos negócios brasileiros.
Ao analisar apenas o retrato de junho, mais de 201,7 mil oportunidades foram abertas no país, sendo as MEs e EPPs responsáveis por 115,9 mil contratações (57,5%). Os setores que lideraram a geração de empregos neste mês entre as MPEs foram: de Serviços (49.018), Comércio (27.443) e Construção (18.753).
“No Brasil, de acordo com dados do Banco Mundial, 7,8% do PIB vem do setor de serviços, 20,2% vêm da indústria e 7,5% vêm da agricultura. A Covid-19 não só causou um número devastador de perdas humanas, como gerou estragos na economia. Esse cenário forçou muitas pessoas a buscarem novas fontes de renda, levando a um aumento no número de empreendedores, especialmente MEIs. Além disso, o governo federal forneceu incentivos para a criação de empresas, o que contribuiu para que muitas saíssem da informalidade e passassem a pagar impostos”, analisa Maria Flávia Tavares, economista e doutora em Agronegócios pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
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