Todo final de ano e-commerce ou a loja física enfrentam o mesmo dilema: como criar descontos irresistíveis e campanhas atrativas para se destacar na enxurrada de promoções que vão da Black Friday ao Natal? Mas, olhando para essa corrida sazonal, será que basta para vender mais?
Embora tudo isso tenha o seu valor para aumentar o faturamento do lojista, só será possível ter um desempenho sustentável durante o ano todo quando o empreendedor passar por uma virada de chave na mentalidade: o uso de automação e dados para vender de forma mais eficiente e com esforço sustentável da operação. É o que vejo como parte do futuro do e-commerce inteligente.
Olhando para trás, a Black Friday, por exemplo, não é apenas o maior evento de vendas do ano; ela é um termômetro do mercado, revelando padrões de consumo, comportamento dos clientes e a eficiência da operação. A grande pergunta que todo lojista deve se fazer agora é: o que posso levar dessa experiência para crescer em 2025?
Além da ponta do iceberg
O lojista moderno precisa aceitar que preço competitivo é só parte da equação. Considere o seguinte cenário: você investiu pesado em descontos, atraiu tráfego massivo, mas terminou a campanha com centenas de carrinhos abandonados. O que isso significa? Que algo mais profundo — e muitas vezes negligenciado — precisa ser resolvido.
É aí que entra o uso estratégico de dados e automação. Por exemplo, segmentar ofertas para perfis específicos, enviar mensagens personalizadas aos clientes que não finalizaram suas compras ou oferecer condições especiais para quem apenas visitou uma página, são iniciativas que transformam interações perdidas em conversões reais.
Além disso, analisar quais produtos têm maior índice de abandono permite ajustar suas estratégias de forma mais cirúrgica. Talvez o desconto não seja atrativo o suficiente, ou o público-alvo para aquele item não foi corretamente identificado. Aprender com essas oportunidades perdidas é um passo necessário para o crescimento. E isso é visível na prática: segundo a Loja Integrada, os lojistas recuperaram mais de R$ 30 milhões em vendas com uso de ferramenta de carrinho abandonado só em 2024.
Outro aprendizado importante que a Black Friday deixa é a necessidade de uma operação robusta. Quem se preparou bem para os horários de maior tráfego e para a alta demanda de estoque provavelmente saiu na frente.
Saber, por exemplo, quais produtos foram mais vendidos ou os horários de pico no tráfego é essencial para planejar campanhas futuras. Mais do que isso, ter uma operação ágil para ajustar promoções em tempo real pode ser o diferencial entre alcançar ou não as metas.
O poder dos dados
A análise de dados é o legado mais valioso que qualquer sazonalidade pode deixar para o seu negócio. Veja como utilizá-los a seu favor:
• Priorize os campeões de venda: quais itens tiveram maior demanda? Fique atento a essas categorias para destacá-las em campanhas futuras;
• Entenda o comportamento do consumidor: quem comprou o quê e quando? Use essas informações para segmentar seus clientes e melhorar suas ofertas;
• Prepare-se melhor: produtos que faltaram no estoque ou ficaram encalhados podem ser indicadores importantes para o planejamento de 2025;
• Ajuste campanhas de marketing: dados históricos podem guiar ajustes em anúncios, e-mail marketing e remarketing, tornando suas próximas campanhas ainda mais estratégicas.
O que fica, então?
Plataformas de e-commerce devem ir além de simplesmente oferecer ferramentas para atender demandas – elas precisam aliviar o trabalho do empreendedor, especialmente durante os picos do mercado. É necessário atuar de forma proativa para os lojistas, identificando oportunidades, tomando ações e gerando crescimento mensurável de forma autônoma.
Não se trata de mudanças incrementais – é sobre repensar o e-commerce por completo.
Lucas Bacic é CPO da Loja Integrada.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
Imagem: Shutterstock