Com o avanço das inovações tecnológicas, tendências globais como Tap to Pay e Unified Commerce vêm ganhando destaque no Brasil, transformando a forma como consumidores e varejistas se conectam.
Esses foram alguns dos conceitos abordados na NRF 2025, maior encontro global do varejo, e discutido novamente em terras brasileiras nesta segunda-feira, 27, durante o Zoop Payments Leadership, que resumiu os principais insights da feira.
O evento reuniu especialistas como Thomas Barth, COO do iFood Pago; George Homer, designer especialista em varejo; Regiane Relva Romano, fundadora da Vip Systems; Valmir Andrade Jr, diretor da Privalia; e Fernanda Bromfman, head of Commerce no Google Customer Solutions.
A abertura ficou por conta de Patricia Fischer, diretora Comercial no iFood Pago/Zoop, que destacou a importância de traduzir as tendências globais para a realidade brasileira. “A NRF é muito mais do que um evento de varejo. Ela reúne profissionais de diversos setores, ávidos por entender como as tendências tecnológicas podem ser aplicadas para transformar negócios. É um espaço de networking e aprendizado que vale cada minuto”, comentou Patricia.
A NRF 2025 contou com mais de 40 mil participantes de 95 países, incluindo 2.500 brasileiros, além de 175 palestras que abordaram tendências como Inteligência Artificial generativa, metaverso, sustentabilidade e o conceito de Unified Commerce.
Entre as tendências discutidas, o Unified Commerce se destacou como a evolução do omnichannel. George Homer explicou a diferença entre os conceitos: “Enquanto o omnichannel conecta vários canais independentes, o Unified Commerce integra tudo em um único canal. Isso significa menos fricção, mais agilidade e uma experiência de compra muito mais satisfatória para o cliente”.
A integração é essencial para reduzir o abandono de carrinhos e aumentar a satisfação. Thomas Barth complementou, destacando o papel do autosserviço e da tecnologia para criar experiências mais fluídas: “ferramentas como o Tap to Pay, da Zoop, que transforma celulares em máquinas de pagamento por aproximação, permitem compras mais rápidas e sem contato, colocando o cliente no centro da ação. Isso reduz filas e melhora a percepção de valor do serviço”.
Para Homer, a tecnologia está transformando o momento do pagamento, antes um ponto de atrito para o consumidor. “O autosserviço é a bola da vez. Quando o cliente pode ter um papel mais ativo no pagamento, reduzimos filas e abandonos e criamos uma experiência mais fluida”, disse.
A loja física como protagonista do varejo digital
Outro ponto de destaque foi a necessidade de reimaginar a loja física como centro de experiências digitais. “Estamos tão focados no digital que, às vezes, esquecemos que a experiência presencial ainda é fundamental. Com a tecnologia, podemos transformar essas lojas em espaços imersivos e memoráveis”, afirmou Homer.
Essa convergência entre o físico e o digital também foi apontada como um diferencial competitivo. George Homer ressaltou que varejistas de sucesso estão focados na hiper personalização, indo além do básico: “A loja não é só um ponto de venda. É um lugar para contar histórias e criar conexões emocionais. É nisso que o varejo precisa investir”.
Mobile payments ganham força
George Homer e Patricia Fischer discutiram as tendências e desafios do setor, com ênfase no impacto do mobile payment e na crescente adoção do Tap to Pay.
Para Homer, o conceito de mobile payment ainda está em fase inicial globalmente, mas o Brasil se destaca pela popularização de soluções como Pix e pagamentos via WhatsApp. Ele explica que há uma diferença fundamental entre dispositivos (devices) usados no varejo e os sistemas de pagamento. “Mobile payment é o sistema de pagamento. O device é uma ferramenta de produtividade, apoio ao vendedor e também ao cliente. O futuro está em aproveitar o dispositivo do cliente como agente principal de pagamento”, disse.
Já Patricia destacou o crescimento acelerado do Tap to Pay. “Antes, pequenos empreendedores precisavam enviar links de pagamento ou depender de maquininhas. Hoje, o Tap to Pay democratiza o pagamento por aproximação, tornando-o acessível a todos. Essa tecnologia também traz mais segurança para dados e transações, beneficiando tanto os consumidores quanto o varejo”, explicou, citando como exemplo o Tap to Pay do Nubank, desenvolvido pela Zoop.
Outro ponto relevante foi o impacto das gerações mais jovens no avanço dessas tecnologias. “As gerações Z e a Alfa, que estão moldando o futuro do consumo, já esperam jornadas de compra integradas com tecnologia. Soluções como o Tap to Pay são essenciais para atender às expectativas dessas novas gerações, que enxergam o virtual e o real como uma coisa só”, ressaltou Fisher.
Capacitação
A revolução digital no varejo não se limita à adoção de novas tecnologias. Os especialistas também destacaram que a capacitação das pessoas para lidar com essas mudanças é tão essencial quanto os avanços tecnológicos em si.
Segundo Valmir Andrade Jr., diretor da Privalia, a transformação começa com a alta liderança e a prática no dia a dia. “Tudo aquilo que nos propomos a fazer requer curiosidade, disciplina e prática. A própria equipe vê na liderança o que deve ser praticado. Passa pela tecnologia, mas também é cultural. É necessária uma metodologia ágil para implementar e testar soluções em círculos ágeis”, explicou.
Para Fernanda Bromfman, head de Commerce no Google Customer Solutions, simplicidade e um olhar de consumidor são fundamentais. Ela destacou a importância de incentivar a usabilidade de tecnologias, como a Inteligência Artificial, dentro das empresas. “Às vezes, precisamos dar um passo atrás e olhar com olhos de consumidores. No Google, temos incentivos internos para explorar a IA, e isso só faz sentido quando conseguimos encaixar a tecnologia na rotina de maneira prática”, afirmou.
Regiane Relva Romano, fundadora da Vip Systems, ressaltou que a transformação digital exige mudanças culturais e sociais, começando pela educação. “A revolução digital passa por ensinar as crianças a pensar, não apenas a copiar. Em países que lideram em tecnologia, eles começaram pela base, incentivando o pensamento crítico desde cedo. Precisamos ensinar a capturar dados e aproveitar seu potencial. Sem isso, não conseguimos resolver os problemas certos e, como líderes, ficamos parados”, alertou.
Os palestrantes apontaram que a transformação tecnológica no varejo só terá sucesso se for acompanhada por uma transformação cultural. Investir em metodologias ágeis, incentivar a usabilidade da tecnologia e desenvolver o pensamento crítico desde a base são caminhos importantes para que varejistas e líderes estejam preparados para o futuro.
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