Foodservice: o ressoar das ótimas decisões

Ouvimos o tempo todo: “o consumidor é soberano, temos que entregar o que ele quer”. Perfeito! Sem dúvida é a melhor filosofia para dirigirmos os negócios, uma vez que está na mão do cliente comprar ou não os produtos ou serviços das nossas empresas.

Me pergunto se a Apple tivesse feito uma grande pesquisa anos atrás para consultar o consumidor globalmente se ele queria um telefone móvel que permitisse ter tudo o que o iPhone oferece hoje, o consumidor diria sim?

Provavelmente uma pequena parcela de consumidores cultos, com alta escolaridade, conectados com o futuro e avanços científicos diria sim, mas e a grande massa, as classes menos favorecidas e países menos desenvolvidos? Responderia sim? Provavelmente a resposta é não e teríamos perdido todos os benefícios que essa invenção nos proporciona hoje.

Começo esse artigo com essa provocação com o objetivo de discutir o papel das empresas e suas lideranças na tomada de decisões realmente positivas que ressoem em benefício da saúde e da boa alimentação da sociedade. Exagero? Vamos recapitular…

Entre os dias 18 e 28 de fevereiro acompanhamos uma avalanche de notícias sobre a propaganda do Hambúrguer Mofado do Burguer King que na verdade continha a ótima notícia do compromisso da empresa na eliminação de conservantes artificiais do Whopper (hambúrguer mais famoso do portfólio), inicialmente nos EUA e Europa, e, depois em outros mercados incluindo o Brasil. O BK possui 15 mil pontos de venda no mundo e atende cerca de 11 milhões de pessoas por dia.

Em dezembro de 2018, o McDonald’s anunciou que até 2020 (esse ano) buscaria a redução de antibióticos, mais nocivos aos seres humanos, utilizados na produção da matéria prima dos seus hambúrgueres, a partir das reduções ano a ano trabalharia metas evolutivas. Também já tomou decisões sobre o uso de corantes artificiais, eliminação do uso de margarina devido a presença de gordura trans… São 40 mil pontos de vendas mundo afora e 68 milhões de pessoas atendidas por dia.

A Seara colocou nas redes de supermercados brasileiros uma linha de hambúrgueres, salsichas e linguiças sem conservantes, frango sem antibióticos… a Vapza vende produtos cozidos à vácuo, sem conservantes, estou citando como exemplos essas iniciativas e sem compromisso com cronologia ou pioneirismo de cada uma delas.

São boas notícias, não é? Mas longe de estarmos em um patamar ideal. Em nossos projetos ouvimos de alguns dos nossos clientes: os consumidores querem indulgência, eles preferem frituras, molhos gordurosos, sobremesas açucaradas… essa é uma das vertentes, mas devemos entregar só isso?

No Brasil batemos recordes na produção de alimentos, portanto poderíamos ter a melhor alimentação do planeta do ponto de vista de diversidade e qualidade, mas temos um cenário altamente preocupante relacionado ao perfil de saúde dos brasileiros. Somando sobrepesos e obesos temos 51% da população nessa condição (dados IBGE).

E mesmo quem está acima do peso tem problemas relacionados à falta de vitaminas e minerais porque a qualidade do que come não é suficientemente boa. E vemos o crescimento das doenças crônico degenerativas (hipertensão, diabetes, problemas renais, etc) se amplificarem gerando uma conta enorme para os cofres públicos.

Recebemos recentemente estudantes da Imperial London College para apresentação de um projeto que iniciaram em colaboração conosco da GS&Libbra, ainda em Londres, e vieram concluir em visitas/pesquisas de campo em São Paulo e dentre os resultados apresentados destaco a evidente a falta de uma oferta AMPLA e consistente de alimentos saudáveis ATRAENTES e que reúnam os elementos desejados pelo consumidor: conveniência, praticidade e sabor.

O consumo de alimentação fora do lar no Brasil é de 33% e cresce ano a ano. A cadeia deve se comprometer e atuar de maneira ainda mais intensa e sistêmica, indústria, redes, donos de negócios, chefs, nutricionistas enfim, todos os atores devem ajudar na retomada e construção de uma oferta de qualidade para construir bons hábitos.

Consumidores doentes, consomem remédios… consumidores mortos não consome mais. Duro de ouvir não é? Mas é a mais pura verdade. O ressoar das boas decisões está em nossas mãos.

NOTA:GS&Libbra é uma consultoria especializada no mercado de foodservice. Apoiamos a sua empresa a construir estratégias para ampliar os resultados do negócio. Utilizamos técnicas e metodologias híbridas para entregar inovação com profundidade e assertividade.

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* Imagem reprodução

Cristina Souza

Cristina Souza

Cristina Souza é sócia-fundadora e CEO da Gouvêa Foodservice, empresa da Gouvêa que apoia o setor com metodologias híbridas e ágeis.

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