Foodservice mais óbvio, profundo e digital

De 13 a 19 de setembro foi realizado o Global Retail Show 2020 e, nesse “palco digital”, foram 173 horas de conteúdo. Além de expectadora, tive a honra de coordenar dois painéis: “Novos hábitos de consumo dos alimentos pós-Covid-19”, com Ely Mizrahi, German Carvallo, Iuri Miranda e Rodrigo Andrade, e, o segundo, “Alimento do futuro e o futuro do alimento”, com Renata do Nascimento, Renato Caleffi, Ricardo Garrido e Thiago Theodoro. Vou procurar resumir os aprendizados e entremeá-los com o que vi e ouvi durante o evento.

O primeiro grande ponto a destacar é que o alimento é a maior rede de conexão que temos no mundo. A partir dele, trocamos, aprendemos, ofereceremos carinho, hospitalidade, nos reunimos, incluímos e excluímos pessoas. Sim, a exclusão de pessoas é real! Até 2050, seremos nove bilhões de pessoas no mundo e a falta de alimento nos preocupará mais do que qualquer pandemia.

Uma grande reflexão que nossos convidados trouxeram foi a de que não precisamos esperar faltar, temos que considerar novas formas de nos alimentarmos. Você acha que o consumo de proteína vegetal é modismo? Está enganado se a resposta for sim, pois somente novos hábitos poderão dar conta de suprirmos a necessidade de nutrir tantas pessoas ao longo do tempo, segundo a cientista Renata do Nascimento, que é especialista em Plant-Based e atua na Seara Alimentos.

Hoje, podemos nos dar ao luxo de considerar como modismo, mas em 2050 será mais do que real, será obrigatório. Também nessa direção, o Chef Renato Caleffi, do Le Manjue Organic e do Le Manjue Café, grande promotor da culinária orgânica e boa alimentação, provocou a todos sobre a importância de nos aprofundarmos nos Biomas Brasileiros e de ampliarmos o consumo de PANCS (Plantas Não-Convencionais), das quais muitos de nós nos furtamos a  experimentar. Renato ainda levantou pontos a serem debatidos pelas indústrias considerando o aproveitamento integral de alimentos; por exemplo, ramas de cenoura como tempero. A pergunta é: por que não?

O fato do serviço de delivery de alimentos ter sido exponenciado durante a pandemia é quase um senso comum entre os operadores do segmento, até porque era o único canal permitido em muitas cidades do País, porém Ely Mizrahi, presidente do Instituto Foodservice Brasil (IFB), nos levou a pensar para além desse crescimento. Com a reabertura das operações, a queda do delivery vem acontecendo. Segundo ele, não deverá chegar às bases anteriores à pandemia, porém, criará uma profusão de oportunidades para negócios, como Cloud Kitchens puras e pivotagem de modelos de marcas consagradas. Ou seja, novos canais tendem a se acelerar.

A visão da indústria de alimentos foi trazida por dois convidados: German Carvallo, business Executive Officer da Nestlé Professional Brasil, e Thiago Teodoro, head of Sales e Trade Marketing da Cargill. Ambos falaram da preocupação e empenho das indústrias em oferecer soluções para acelerar a recuperação do setor de foodservice no Brasil. German sinalizou que a combinação Marca Forte + Segurança Alimentar são pontos altamente valorizados pelo consumidor e a Nestlé tem usado sua fortaleza em branding e produto para apoiar a construção de elos entre seus clientes e os consumidores deles.

Esse fato foi ratificado em pesquisa realizada em 15 países com mais de cinco mil consumidores apresentada por Karen Cavalcante, sócia-diretora da Mosaiclab, empresa do ecossistema Gouvêa. A pesquisa destaca que a marca de confiança é um pilar muito importante para os consumidores. Ainda para German, a tecnologia é um caminho sem volta – num rápido vídeo, ilustrou como o uso da voz pode trazer mais um passo evolutivo na relação entre foodservice e consumidores (Alexa faça um Nescau!).

Thiago falou sobre a postura da Cargill em combinar o profundo entendimento do negócio do parceiro por meio de produtos que otimizam a performance da operação e contribuem para a maior qualidade no produto final, aliados à aceleração de soluções como apoio técnico e lançamentos como a Levia+C. Ou seja, não é olhar o quanto o cliente compra, mas pensar no quanto juntos podem somar e oferecer o melhor aos consumidores, otimizando as margens do negócio.

Rodrigo Andrade, diretor de Foodservice da Linx, falou do foodservice omnichannel. Para alguém de tecnologia, as afirmações eram absolutamente óbvias, mas, ao mesmo tempo, ele lembrou que o foodservice é altamente pulverizado e tem uma caminhada longa para chegar à plenitude da transformação digital, ou seja, os negócios precisam acompanhar as evoluções de conexão desejadas pelos consumidores – produto e qualidade acima de tudo -, mas a empresa precisa considerar estar aonde o cliente estiver na hora que ele quiser.

Ainda sobre transformação digital, Ricardo Garrido, sócio fundador da CIAT, afirmou que ele não enxerga mais a Cia Tradicional de Comércio como um negócio de entretenimento gastronômico como há alguns anos ele e seus sócios vinham fazendo. Ele enxerga a empresa como uma plataforma que entregará aos clientes experiências únicas em todos os seus pontos de contato, presencial, no delivery, para viagem… Garrido reforçou que sem propósito e uma proposta de valor excepcional o foodservice não se diferencia. Visões de antes da pandemia sobre “por que fazer?” deram espaço a “por que não fazer?” E a CIAT testou e lançou produtos em tempo recorde, encantando clientes e mantendo o foco na recuperação dos resultados da empresa.

Iuri Miranda, CEO do Burguer King, falou de maneira extremamente madura do mercado e das relações com o consumidor brasileiro. Ele foi categórico ao citar a importância de adaptar-se com velocidade para manter a qualidade de serviço e atendimento aos clientes. Iuri sinalizou que, na pandemia, as empresas não “criaram”, elas aceleraram ações e projetos que já estavam embrionários ou em fase de desenvolvimento, por isso tantas transformações aconteceram. Iuri assegura que a transparência nunca foi tão importante e que comunicar-se de maneira franca é o que realmente engaja e conecta.

Encerro esse artigo longo e repleto de mensagens importantes e positivas com o desejo de que ele lhe ajude a iluminar-se.

Cristina Souza é CEO da Gouvêa Foodservice – Estratégia e Gestão

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Cristina Souza

Cristina Souza

Cristina Souza é sócia-fundadora e CEO da Gouvêa Foodservice, empresa da Gouvêa que apoia o setor com metodologias híbridas e ágeis.

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