Com “básico bem-feito”, Shopper quer chegar ao Rio nos próximos meses

Empresa anuncia um aporte de R$ 120 milhões

Desde que foi criado, em 2015, o supermercado virtual Shopper vinha dobrando de tamanho a cada quatro ou cinco meses. O negócio já se mostrava promissor, mas foi quando a pandemia de Covid-19 chegou ao Brasil que esse ritmo se acelerou. “Dobramos de tamanho em um mês”, lembra o CEO Fábio Rodas, que fundou a empresa com Bruna Vaz, atual COO.

Forçadas a ficar em casa por causa das medidas de isolamento social, famílias maiores, com hábitos de consumo regulares, viram no serviço de assinatura oferecido pela empresa uma forma de garantir o abastecimento de produtos básicos. Esse sempre foi o foco da Shopper. “É fazer o básico bem-feito, ou seja, conseguir entregar o que o cliente pediu no dia que ele pediu. No Brasil, isso é um diferencial”, avalia Rodas.

Atualmente, mais de 250 mil pessoas estão cadastradas na plataforma, que atende a 22 cidades do Estado de São Paulo e possui dois Centros de Distribuição, um no Centro da capital paulista e outro na Barra Funda, na zona oeste. O próximo destino é o Rio de Janeiro, onde a Shopper deve chegar neste ano ou, no máximo, em 2022. A meta é alcançar 60 novas cidades.

Hábito reativo e pouco planejado

Fábio e Bruna se conheceram em 2013 no Insper e, inicialmente, montaram um negócio social juntos, a Renovatio, uma ONG cujo foco é oferecer saúde visual e doação de óculos de grau para pessoas de baixa renda. A segunda empreitada conjunta começaria a ser planejada já em 2014.

“Percebemos que muita coisa tinha evoluído em vários setores da sociedade, mas o jeito que a gente abastecia nossas cassas não havia mudado muito. Esse sempre foi um hábito muito reativo e pouco planejando. A cadeia de distribuição brasileira é ineficiente, são necessários intermediários para que os produtos cheguem ao supermercado e esse mercado tem de ser perto da casa dos consumidores. Tudo isso encarece demais os produtos.”

Veio dessa percepção a ideia de criar um supermercado online que tira, do consumidor, a obrigação de carregar itens pesados e nada interessantes de serem comprados in loco, como água sanitária, leite e amaciante. Mais: avisa, por WhatsApp, e-mail ou mensagens no app, que a cesta do mês está prestes a ser fechada, o que economiza tempo de planejamento.

“Outra dor que percebemos, essa menos conhecida e muito relevante, é que, se você é fiel a uma marca e não encontrar o produto que quer no mercado, você não vai reclamar com o gerente, mas tem uma experiência ruim. Na Shopper, a gente consegue se organizar e comprar dos fabricantes com antecedência. Compramos boa parte dos itens só depois que o cliente encomendou”, afirma.

Preços 10% menores, na média

Segundo o executivo, os preços cobrados na plataforma são, em média, 10% mais baixos do que aqueles de supermercados tradicionais – que, não por acaso, também vêm investido muito em entrega na pandemia. Além de preço menor e garantia de abastecimento, o executivo diz que a empresa também entrega uma pitada de “encantamento”, que pode ser traduzida em brindes ou mensagens personalizadas de aniversário.

Fábio Rodas conta que, diferentemente de serviços semelhantes existentes em outros países, como o Subscribe & Save, da Amazon nos Estados Unidos, aqui o consumidor tem por hábito ajustar a compra todo mês e não manter os mesmos produtos na cesta. Assim, o número de SKUs, que começou na casa de 1.200, hoje passa de 6 mil. Muitos produtos foram adicionados justamente na pandemia diante de hábitos novos de compra e do apelo pela indulgência, por exemplo.

Embora a Shopper não seja exatamente uma empresa de tecnologia, ela é a base de todo o negócio. Desenvolvida “dentro de casa”, ela ampara a Shopper na compra da mercadoria, no armazenamento e no planejamento logístico. “Mas a gente é uma empresa de encantar cliente. E a gente faz o que tem de fazer para encantar esse cliente. Se chegarmos à conclusão de que temos de fazer produto, criaremos”, diz Rodas.

Nova rodada de investimentos

Nesta terça-feira (18), a empresa anuncia um aporte de R$ 120 milhões liderado pelo fundo de corporate venture capital da Minerva e pelo Quartz, fundo de José Galló, ex-CEO da Renner, segundo informações do site Neofeed. Em 2019, a empresa já havia recebido um investimento de R$ 10 milhões do fundo José Galló, criado pelo ex-presidente da Lojas Renner.

A rodada série B tem ainda a participação dos fundos americanos FJ Labs, de Fabrice Grinda, fundador da OLX, e Floating Point. Além de investidores que já compunham o pool de acionistas da operação, como a gestora FEGIK; o multifamily office Oikos; Ariel Lambrecht, cofundador da 99; e Márcio Schettini, ex-diretor-geral do Itaú Unibanco.

Imagem: Divulgação

Aiana Freitas

Aiana Freitas

Aiana Freitas é editora-chefe da plataforma Mercado&Consumo. Jornalista com experiência na cobertura de tendências de consumo, varejo, negócios, finanças pessoais e direitos do consumidor.

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