Você já ouviu falar naquela máxima do filósofo britânico Francis Bacon que diz que “conhecimento é poder”? Se aplicarmos esta teoria para os dias atuais, notaremos que diversas empresas já reconheceram que o Big Data (imenso volume de dados estruturados e não estruturados) é uma poderosa ferramenta para obter insights que levam a melhores decisões e direções estratégicas de negócio.
É por meio desta gestão da massa de dados obtidos a partir das transações diárias dos clientes que conseguimos obter informações valiosas como a identificação das tendências do varejo, maior inteligência para coordenar os níveis de estoque e cadeia de suprimentos, um gerenciamento de categorias mais efetivo, precificação adequada e promoções mais assertivas, além de garantir eficiência no funil de sortimento com insumos necessários que identifiquem e evidenciem o que é preciso inativar, descontinuar, reprecificar, rentabilizar, demonstrar rupturas e necessidades de reposição de produtos.
Ademais, um varejo orientado por dados entende melhor o perfil, hábitos de consumo, preferências e comportamento dos seus clientes durante toda a jornada de compra, independentemente do canal escolhido pelo cliente. E todas estas informações geradas e extremamente valiosas são úteis para tornar as transações mais relevantes, personalizadas e convenientes, o que aumenta a lealdade e engajamento do consumidor, bem como ainda ajuda as marcas na construção de uma experiência mais completa.
De forma semelhante ao Big Data, que possui a capacidade de traçar perfis dos consumidores, possibilitando um maior entendimento de quais são suas expectativas e desejos, a neurociência do consumo também é um potente instrumento nessa missão e pode ser uma grande aliada do varejo neste sentido. O mais importante nesse contexto é entender como atrelar os conhecimentos aprofundados sobre o consumidor, trazidos pelo neuromarketing, aos aprendizados de um banco de dados interno de uma empresa.
Vale lembrar que, em linhas gerais, o neuromarketing é um campo de estudo que une o marketing à neurociência. Ele ajuda a prever o comportamento do consumidor tendo como base o processamento de informação pelo cérebro e pode identificar o impacto emocional do produto. O Neuromarketing vai ao encontro do Marketing 3.0, que é centrado no ser humano.
De modo prático, é possível considerar o conhecimento do comportamento do consumidor gerado por estudos que utilizam a tecnologia de eye tracking, por exemplo, para observar os padrões de visualização e certas respostas emocionais do consumidor. Neste caso, ao usar um dos métodos neurocientíficos como o eye tracking, somos capazes de entender não só como potencializar as experiências do mesmo em um ponto de venda físico, como também auxiliar no desempenho online de sites e e-commerces.
Mas como será que aprendizados vindos desse tipo de pesquisa poderiam somar com as informações internas do banco de dados do varejo? De acordo com os estudos apontados pela ForeBrain, “ao analisar esta massa de dados, as empresas são capazes de encontrar padrões a respeito do comportamento do consumidor, mas nem sempre conseguem desvendar o que levou a esse padrão. Imagine, por exemplo, que a base de dados mostre que um anúncio tem sido muito efetivo em uma determinada página de e-commerce. Porém, este mesmo anúncio não gera a mesma performance em outras páginas deste site. Por meio do eye tracking é possível compreender, de forma implícita, como o comportamento do consumidor está sendo influenciado pelo anúncio nestas diferentes páginas e quais são os outros elementos que podem estar trazendo o impacto visto pela análise de Big Data”.
Dessa forma, quando unimos os conhecimentos de pesquisas neurocientíficas ao Big Data de uma empresa, entendemos os padrões de comportamento dos consumidores por meio de uma análise muito mais complexa destas informações.
Fernanda Dalben é diretora de marketing da rede de Supermercados Dalben.
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