Não chega a ser uma novidade quando se diz que a inovação e a transformação digital estão provocando mudanças em vários segmentos de negócios. Ainda assim, vale ressaltar que tais tecnologias melhoram e ampliam a experiência do consumidor e o engajamento dele com as marcas. Com as chamadas beautytechs, startups voltadas para o universo da beleza, isso não é nada diferente.
Grandes empresas têm criado programas e investido fortemente em soluções nessa seara, principalmente para envolver os consumidores e fortalecer conceitos de personalização, com a possibilidade de elevar experiências durante a compra e a utilização dos produtos e, consequentemente, no relacionamento com a organização.
Marcas de maquiagem e de produtos para pele, por exemplo, têm utilizado realidade aumentada e inteligência artificial para ajudar na escolha, experimentação e diagnóstico do melhor produto, tudo de acordo com as características da pele de cada cliente. Assim, podem recomendar o melhor produto para cada cliente.
Da mesma maneira, quem está inseguro pode hoje testar digitalmente inúmeros produtos, com cores e estilos diferentes, até para saber qual combina mais com sua personalidade. Esse benefício, possível graças ao incremento da tecnologia, se estende a setores tão diversos, que vão desde cabelo e unha a assessórios como óculos, brincos, anéis e relógios.
Com a popularização da chamada experimentação virtual, por exemplo, clientes que frequentam salões de beleza há anos e nunca pensaram em cortes e cores diferentes nos cabelos, passaram a apostar em visuais mais ousados, já confiantes dos resultados. Nas redes sociais, o mesmo acontece: filtros e opções para fotos e vídeos trazem diversão, confiança e geram maior democratização da beleza.
Nesse sentido, para o comércio virtual, tais ferramentas auxiliam na taxa de conversão, que pode ser até 2,5 vezes maior do que antes. Além disso, os novos hábitos influenciam também no modelo de lojas físicas, que contam agora com espaços de testes.
Estudos indicam que esse tipo de ação gera experiências inovadoras aos consumidores, que passam mais tempo em sites e lojas durante a jornada de compra e estão dispostos a pagarem mais em suas cestas de compras. Outro ponto relevante das beautytech é a possibilidade de redução da pegada de carbono, uma vez que se reduz a experimentação física de produtos – o que colabora ainda com as iniciativas de ESG das empresas.
Nos últimos anos, surgiram no Vale do Silício – berço das empresas de tecnologia –startups voltadas especificamente para tecnologias de reconhecimento facial, realidade aumentada e inteligência artificial. O Brasil, quarto maior mercado global no segmento de beleza, é um dos países com maior potencial de se beneficiar destas tecnologias.
Seja por vaidade, seja por senso de oportunidade, vem aí um futuro mais bonito.
Aldo Macri é sócio-líder do segmento de bens de consumo da KPMG.