Estamos vivendo um período de sobressaltos, desafios e perspectivas geradas pelas transformações no quadro econômico e social e adicionalmente potencializadas pelas mudanças tecnológicas que estão transformando a vida empresarial num turbilhão de surpresas e emoções. Em todo o mundo e muito especialmente no Brasil.
No cenário internacional, a “globalização da anti-globalização” redesenha as relações econômicas, políticas e sociais entre nações. E só oferece, até o momento, indicativos de sua nova e complexa matriz de relacionamentos e consequências.
Nos Estados Unidos, maior economia global pelo critério direto de avaliação, a transformação política e econômica que pode ocorrer com a posse do novo presidente e as novas relações do poder no âmbito interno e externo deixam o mercado global ansioso pelas perspectivas expressas em campanha e que, em breve, muito breve, poderão ou não serem realmente implementadas. E o que trarão como resultado.
Na maior economia do mundo pelo critério PPP, a China, as transformações eventualmente implementadas pelo processo de anti-globalização poderão determinar profundas mudanças no reposicionamento político, econômico e militar, com perspectivas abrangentes de contaminação para outros mercados, em especial para o Brasil.
Globalmente, o componente político-religioso insere uma variável adicional e importante de sobressalto por conta de atentados e ações que desenham o mundo como um lugar cada vez menos seguro para tudo que se queira imaginar. Independente de poder econômico ou vontade pessoal.
No Brasil, o processo de transformação nas áreas econômica e política mandam claros sinais de que estamos retomando o controle do bom senso e caminhando com passos mais seguros, às vezes com algumas pisadas em falso, para um cenário mais positivo. Dependendo do rigor e expectativa de quem analisa, é clara uma melhoria do ambiente de negócios e um sentimento coletivo que ao menos o rumo está certo.
Um balanço do ocorrido no país nos últimos oito meses vai mostrar que se caminhou muito e estamos nos afastando da beira do precipício em que estávamos. Apenas que os resultados mais tangíveis nos aspectos mais diretos de comportamento econômico, envolvendo emprego, salários, investimentos, consumo e crédito ainda não reagiram na direção e intensidade que seriam desejáveis.
Mas definitivamente nos afastamos do perigo mais iminente.
Estruturalmente nos deparamos ainda com os sobressaltos vindos da constatação real e provada do quadro de corrupção e desvario que se instalou em várias alçadas da atividade pública e privada do país que desviou recursos para benefício específico de determinados grupos, empresas, partidos ou pessoas. É sem dúvida uma das mais importantes transformações estruturais que já vivemos na História do Brasil e só o tempo e o futuro mostrarão sua verdadeira dimensão.
No plano político temos avançado muito pouco, gangrenados que ainda estamos com modelos, práticas e conceitos do passado, que só o futuro próximo precipitará transformações. Mas elas virão especialmente determinadas pelo intenso processo de conscientização, resultado da expansão da nova realidade de relacionamentos emergentes das redes sociais, especialmente entre os mais jovens. Alguns aspectos desse processo maior já se fazem presentes.
Precisamos aportar a maior resiliência possível, sem deixar de fazer o que precisa ser feito, para suportar a fase final dessa transição estrutural. Está emergindo uma nova e positiva realidade. Em que tempo conseguiremos vive-la em sua plenitude, isso ainda é uma incógnita.
Mais do nunca é importante repensar modelos de negócios, estruturas, práticas e a própria cultura empresarial, pois o cenário que se desenha à frente será irreversivelmente marcado por esse turbilhão de certezas e incertezas que se alternam e predominam como um vetor permanente da nova realidade global e local.
Não existe a opção, como já antecipava o poeta, de parar o mundo para poder descer. A velocidade é cada vez maior.