O consumidor já decidiu: só vai comprar das marcas que compartilhem dos mesmos valores que os seus e que inspirem confiança, isso de uma maneira bastante ampla do ponto de vista de varejo. No contexto de foodservice, confiança tem importância exponencial porque o consumidor compartilha com as empresas o cuidado com a sua saúde/nutrição, já que a alimentação, no seu cerne, tem esse papel.
De maneira simplificada, blockchain é uma tecnologia de registro que permite acompanhar etapas de transações/operações e torná-las públicas. Para os alimentos em uma gôndola é possível rastrear sua origem no campo, processamento e transporte, dando aos clientes a máxima visão de transparência. O Carrefour já iniciou esse movimento no Brasil e, através do QR Code impresso na embalagem de alguns produtos, o consumidor pode acessar todas as informações daquele item.
Aos poucos, a indústria vai se organizando e se preparando para esse movimento porque o que hoje o que é uma iniciativa de diferenciação já passa a ser debatido como algo a ser incorporado como lei. Agora… como isso funcionaria num ponto de venda como uma cafeteria, restaurante, loja de açaí, sorveteria?… O mercado está preparado para dar vistas aos clientes de todo processo de rastreabilidade dos seus ingredientes? Do seu processo produtivo? Ou ainda da qualidade do que põe no prato dos clientes? Sinceramente, gostaria que a resposta fosse sim da maioria dos operadores, porém, o mercado de foodservice no Brasil ainda é extremamente pulverizado e está em ebulição no contexto de profissionalização, mas longe dos padrões ideais.
Muitos operadores independentes entram no negócio para sua subsistência e demoram a compreender os caminhos para sua profissionalização. Vemos franqueados que ingressam em algumas redes porque admiram o modelo de negócios e a marca, mas, por ainda não terem iniciado seu processo de imersão, ou por realmente não entenderem com profundidade seu papel como empresário num negócio de foodservice, questionando se equipamentos profissionais são realmente necessários e duvidando de processos operacionais padronizados.
Alguns trazem exemplos do tipo “na minha casa faço assim e nunca tive problemas”. Negligenciam passos que impactam em riscos de contaminação, compram de fornecedores não credenciados porque acreditam que economizarão alguns poucos reais… E, dessa forma, colocam em risco a reputação de uma rede que levou anos para construir sua credibilidade no mercado.
A reflexão que eu quero lhe provocar com esse artigo é que um empresário do setor de foodservice precisa, acima de tudo, compreender sua responsabilidade perante seus consumidores, se comprometer a agir com rigor em todas as etapas que envolvam o produto. O menu de um restaurante é o coração do negócio. O cuidado na seleção dos fornecedores, qualidade do sistema de transporte para abastecimento, conservação na loja e os processos para transformação do produto até que esse chegue ao prato do consumidor não são opcionais, são uma missão!
Num tempo em que falamos de iniciativas para conquistar e fidelizar os consumidores, me parece que precisamos de menos esforço fazendo “mirabolâncias” e mais foco em fazer o BÁSICO PERFEITO, estruturando os negócios para dar vistas aos consumidores de que ele pode confiar em nossa entrega. Com a velocidade em que vivemos hoje, o blockchain em breve será uma obrigação para todo e qualquer negócio de foodservice. Pense o quão longe sua rede/empresa está longe disso 😉. Até o próximo!
Cristina Souza, diretora-executiva da GS&Libbra – Estratégia & Gestão para Foodservice, participará do LATAM Retail Show, que acontece de 27 a 29 de agosto de 2019, com o painel: “Alimentação, a cola social da era digital”.
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