Digitalização das operações e vendas, lojas como hubs, curadoria de produtos, experiência e preço. De forma genérica esses tópicos poderiam resumir o pano de fundo das relações entre o varejo alimentar e seus clientes.
Mas abastecimento, ou melhor, a falta dele, foi um tema altamente abordado na NRF 2022. Vivek Sankaran, CEO da Albertsons, a segunda maior rede de supermercados nos EUA, com 270 mil colaboradores e mais de 2.200 pontos de vendas, trouxe esse como um importante desafio vivenciado pela empresa.
E para driblá-lo destacou o quão a conexão humana tem contribuído para o sucesso da empresa. Clientes que vão “abraçar” funcionários com palavras gentis ou desejar felicitações no Natal e outros feriados, funcionários que se dedicam com afinco independentemente das intempéries. Ele atribuiu à fidelização de clientes e colaboradores a minimização dos efeitos causados pela crise sanitária vivida nesses quase dois anos.
Mas a empresa não vive de apertos de mão ou elogios. Ela segue investindo fortemente em tecnologia para potencializar a personalização da experiência do cliente e aumentar a percepção de valor da marca. Outro ponto importante para a Albertsons foi a compreensão da importância do produto fresco para a saúde e imunidade dos seus clientes. Assim, para o futuro, seguem na intensificação da comunicação desses produtos, bem como o destaque e posicionamento em suas lojas.
Outra rede que também esteve nos palcos da NRF foi o Walmart, com participação de Zach Freeze, diretor sênior de Iniciativas Estratégicas em Sustentabilidade. Zach reforçou o quão claro é o compromisso estratégico da empresa em relação à pavimentação de um caminho de longo prazo sobre o tema de sustentabilidade.
Zach recomendou aos colegas do setor que não sejam tímidos em suas iniciativas (consumo energético, origem da energia, destinação de resíduos, etc.). Os consumidores das novas gerações estão vigilantes e buscam marcas que evoluam sua mentalidade em prol de um mundo melhor.
Nossa delegação visitou algumas lojas de varejo e a Whole Foods é sempre um destino interessante. O programa de refeições prontas oferecido pela empresa é algo impactante. Na loja visitada esse food hall ocupava pelo menos um quarto da área total e ainda criaram uma cafeteria destacada.
Para aprimorar as relações com os clientes no varejo alimentar, a resposta sem dúvida é se aproximar das soluções que resolvam a vida dos clientes e que se conectem com o que é valor para ele como pessoa.
Comprar um grão, colocar em remolho, cozinhar, temperar e consumir pode estar na agenda dos clientes nos seus momentos associados ao prazer ou lazer, mas, para resolver o seu dia a dia e entregar soluções cada vez mais prontas e personalizadas, é ir além.
Essa é a caminhada que as redes conectadas com o futuro do varejo alimentar seguem trilhando. E você?
Cristina Souza é CEO da Gouvêa Foodservice
Imagem: Shutterstock