Diante da mudança de comportamento emergentes da pandemia de covid-19, as empresas precisaram se reposicionar e investir em práticas ESG para atender às exigências do consumidor. “O consumo e varejo emergentes pós-pandemia: ESG e DEI como parte da adequação” foi tema de um painel da 10ª edição do Fórum Lide do Varejo e Marketing, que aconteceu entre sexta-feira (18) e domingo (20) no Sofitel Jequitimar Guarujá, litoral de São Paulo.
Quando a pandemia começou e 100% das lojas foram fechadas, em março de 2020, a varejista de moda Riachuelo tinha acabado de lançar uma nova campanha. Em casa, os vendedores se tornaram consultores digitais. Para se comunicar com os clientes durante a pandemia, a empresa foi obrigada revisar seus valores e voltar à origem.
“Foi uma mudança forte de comportamento. Além da área de tecnologia, revisamos os nossos valores durante a pandemia. Neste momento de retomada, o foco é o sonho das pessoas, já que muitas perderam a capacidade de sonhar”, diz Elio França e Silva, diretor-executivo da Riachuelo.
Durante o primeiro ano de pandemia, em fevereiro de 2021, a RaiaDrogasil apresentou uma agenda ESG com oito objetivos e 35 compromissos de sustentabilidade para 2030.
Entre os objetivos, a companhia destaca cuidados comunitários e com a equipe interna, tais como cuidar da saúde dos funcionários e clientes, promover saúde integral nas comunidades, potencializar a economia circular na cadeia de valor da empresa e contribuir com a neutralidade global de carbono.
“Criamos a agenda de ESG, mas é muito difícil ter uma agenda se não olharmos no longo prazo”, diz Antônio Carlos Pipponzi, presidente do Conselho Administrativo da RD.
Herdeiro da rede RaiaDrogasil, Rodrigo Pipponzi decidiu seguir por outro caminho e é cofundador da Editora MOL, criada em 2007. O primeiro projeto da editora foi a revista Sorria, vendida no caixa das farmácias Droga Raia, que tem tiragem bimestral de 230 mil unidades
“Em 2013, subimos um hospital do Graac com recursos da Sorria. Aquilo foi um clique para perceber a força que o varejo tem de promover a transformação e consolidar um modelo de negócios, que é a MOL, uma editora de impacto social”, diz Rodrigo Pipponzi, cofundador da Editora MOL.
Hoje a editora MOL tem parceria com 14 varejistas de diferente de produtos e está presente em mais de 6 mil lojas, chegando a 50 milhões de usuários.
Balanço do evento
Promovido pelo Lide – Grupo de Líderes Empresariais, a 10ª edição do Fórum Lide do Varejo e Marketing reuniu os principais líderes dos dois setores para debater as mudanças e tendências, especialmente inovações em ferramentas, como o metaverso e o TikTok.
“O setor de varejo, pela proximidade que tem com o consumidor teria que assumir responsabilidades na discussão de grandes temas, propondo caminhos e usando o seu poder como o maior empregador privado do País para proporcionar uma transformação que seja posistiva”, afirma Marcos Gouvêa de Souza, fundador e diretor-geral da Gouvêa Ecosystem, publisher da Mercado&Consumo e presidente do Lide Comércio.
Gouvêa destaca a continuidade no crescimento dos ecossistemas de negócios nascidos no varejo para transformar a realidade do consumidor. Como exemplo, ele cita crescimento de categorias, formatos, canais e modelos de negócio.
“Não se pode ignorar o jogo onde os consumidores têm cada vez mais acesso a tudo. Esse é um processo irreversível. A consciência sobre essa realidade muda toda a posição das peças no tabuleiro: do lado da indústria fornecedora há o interesse de estar mais próximo do consumidor e criar canais alternativos e produtos. Do lado do varejo, amplificar as oportunidades, incluindo marcas próprias. Do lado dos prestadores de serviços, avançar para incorporar papéis varejistas na sua realidade”, afirma.
Imagens: Shutterstock e Kazuo Kajihara/Lide