Real skills: o novo conceito de competências essenciais ao mercado

A conscientização sobre as novas competências exige que os colaboradores tenham uma mentalidade aberta ao aprendizado contínuo

Real skills: o novo conceito de competências essenciais ao mercado

A capacidade de adaptação sempre foi essencial para a sobrevivência do ser humano na sociedade – e o mesmo se aplica ao mundo corporativo. Em uma época de grandes mudanças, especialmente após a pandemia, apenas aqueles que têm uma mentalidade aberta ao aprendizado conseguem se manter estáveis no mercado.

O livro “Reflections of the Human Condition”, publicado nos anos 70 pelo filósofo e escritor estadunidense Eric Hoffer, ressalta a necessidade de as pessoas serem eternas aprendizes para não se tornarem obsoletas. Em outras palavras, o conceito de adaptação contínua é discutido há mais de 50 anos e segue cada vez mais relevante.

Há tempos, as hard e soft skills são pautas importantes dentro de uma empresa. As hard skills são as competências tradicionalmente conhecidas, como as habilidades técnicas que podem ser mensuradas de formas tangíveis. As soft skills, por outro lado, são mais difíceis de serem avaliadas, já que englobam as características comportamentais e a inteligência emocional.

O cenário de mercado atual exige uma maior atenção às soft skills. Essa realidade faz com que as mesmas sejam igualmente importantes em relação às competências técnicas.

Após o período de crise financeira, social e de saúde que todos viveram – e ainda vivem suas consequências -, aumentou-se a busca por empresas mais comprometidas ao bem-estar social e ambiental, ao mesmo tempo em que as organizações também começaram a procurar por funcionários com habilidades emocionais.

A partir da conscientização da importância das soft skills, o escritor norte-americano Seth Godin trouxe um novo conceito para as competências comportamentais: as “real skills”. Segundo Godin, devemos parar de usar o nome “soft” (“suave” na tradução para português), pois isso pode minimizar sua importância. Devemos, no lugar, usar o conceito de “real”, pois traz a ideia de veracidade e relevância.

O conceito de leveza (soft), anteriormente citado, passava uma ideia de algo abstrato, submerso, implícito e não visível. Competências e habilidades que não se mostravam. Em contrapartidas, existem as consideradas pesadas (hard), que são visíveis, explícitas. O ponto do conceito apresentado por Godin é que as soft são reais e devem ser vistas, na prática, do dia a dia de uma empresa. O colaborador precisa viver os skills comportamentais; eles não podem ficar submersos.

Ser inovador, criativo, resiliente, proativo e empático, por exemplo, não é algo leve, pois traz ao colaborador uma série de desafios reais. Liderar pessoas, ser liderado, gerir equipes, clientes, problemas, projetos, desafios: alguém vai dizer que essas competências são leves? Na prática, com certeza, não são. O que está sendo dito por Godin é apenas a realidade, a vida profissional que todos estão inseridos no cotidiano, todos os dias. Por isso, real skills.

Godin considera cinco categorias nas real skills: autocontrole, produtividade, sabedoria, percepção e influência. O escritor relaciona as habilidades ao “life long learning”, traduzido para “aprendizado contínuo”, que diz sobre uma jornada de estudo que nunca acaba.

Nesta perspectiva, a educação formal, como uma graduação, é apenas uma parte do conceito, pois o aprendizado vai muito além. Aqueles que estudam competências híbridas são mais criativos, carismáticos e motivados, o que pode inclusive favorecer o potencial das habilidades técnicas.

Para conseguir um equilíbrio entre as hard e soft skills, ou melhor, real skills, é preciso acompanhar as mudanças do mercado e não perder a sede por estudos. O aprendizado contínuo não está no topo da lista de competências desejadas, mas é ele que vai fazer com que os colaboradores desenvolvam as qualificações necessárias.

As chamadas “real skills” já estão dominando o mercado atual. Por mais que o termo ainda possa ser uma eventual novidade, a realidade é que já estamos vivenciando as transformações. Elas já aconteceram e, agora, requerem aceleração. São as “real skills” que tornarão as pessoas indispensáveis quando as tecnologias dominarem as ocupações técnicas.

A provocação positiva que fica é: como você está formando suas “real skills”? Como você está formando as “real skills” de seus colaboradores? O desafio está posto. Vamos juntos?

Renata von Anckën​ é VP de Marketing & Sales​ da Truppe!
Imagem: Shutterstock

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