Quero começar esse artigo te convidando a refletir sobre as novas premissas, novos questionamentos e padrões de consumo de alimentos que serão levados à mesa dos nossos clientes.
É necessário ampliarmos o olhar sobre a produção no campo, seu processamento e a entrega ao consumidor. E, nessa esteira, o produto plant-based merece nosso olhar atento em termos de introdução, adesão e sustentação.
Segundo o vice-presidente global de Marketing, Health e Wellness da Archer Daniels Midland Company (ADM), uma das maiores multinacionais da indústria de transformação do alimento, com sede em Decatur, Illinois (EUA), cidade que na primeira metade dos anos 1900 processava 33% de toda a soja produzida no mundo, “a ciência e a tecnologia pioneiras são essenciais para o desenvolvimento da próxima geração de alimentos, bebidas e suplementos saudáveis e nutritivos para uma população em crescimento”.
E, com o objetivo de sanear esse desafio de alimentar a população mundial, os produtos plant-based ganharam muitos holofotes nos últimos cinco anos, inclusive transcendendo o varejo alimentar e ocupando a agenda e os menus das gigantes do foodservice mundial.
Em 2020 o McDonald’s anunciou o lançamento do McPlant, um hambúrguer à base de plantas desenvolvido em parceria com a Beyond Meat. O McPlant foi testado em mercados europeus, incluindo Suécia, Dinamarca, Reino Unido e outros países, antes de ser introduzido nos Estados Unidos.
A partir da introdução em solo americano esse movimento passou a ser fortemente monitorado. E, em 2022, a McDonald’s Corp. encerrou silenciosamente seu teste da oferta do hambúrguer McPlant nas 600 unidades americanas da rede eleitas para o estudo. Embora a oferta à base de plantas permaneça no menu em alguns mercados estrangeiros, seu futuro em seu principal mercado permanece sob análise.
O objetivo do McPlant era resolver a substituição da carne, porém o queijo e a maionese eram os tradicionais. O fato é que a rede foi transparente sobre isso e que mudanças maiores tinham impactos ainda mais intensos.
Para mim ficam algumas perguntas. Será que isso gerou alguma desconexão com os clientes veganos que não se sentiram efetivamente atendidos? Será que os consumidores ainda não colocaram de fato os produtos plant-based em sua agenda diária? Uma rede QSR ainda é mais reconhecida pela indulgência do que por uma oferta saudável? Será que a pandemia dificultou o acesso e ativações de marketing mais intensos?
Não sei se as respostas efetivamente importam. Talvez, só atendam a nossa curiosidade. O sentimento maior é de reconhecimento da humildade em testar, recuar, repensar, além da qualidade do processo desenvolvido pela empresa, que é líder mundial no segmento, e que deve inspirar a todos nós.
Segundo a Fact.MR, em 2021 o mercado mundial de substitutos de proteína atingiu US$ 10 bilhões. Em 2032 a expectativa é de US$ 232 bilhões.
Para concluir esse artigo, é fato que dos três dígitos que o mercado de plant-based vinha crescendo nos Estados Unidos, houve uma redução para dois pontos percentuais.
Alguns pontos fundamentais observados em relação a essa evolução e que surgem como tendências:
Opções clean label: Aumento das opções de produtos à base de plantas com rótulos limpos, feitos a partir de ingredientes vegetais reais. Isso ocorre à medida que os consumidores começam a considerar se os substitutos à base de plantas são escolhas mais saudáveis em comparação aos produtos convencionais.
Carne e frutos do mar à base de plantas: Exigem mensagens claras e cativantes aos consumidores, além de produtos com preços competitivos e sabor tão bom quanto o do produto tradicional.
Novos segmentos em crescimento: Alimentos para bebês com base em plantas podem crescer impulsionados pela preocupação dos pais em fornecer uma alimentação saudável para seus filhos desde cedo. Snacks à base de plantas e categoria de bebidas não alcoólicas à base de plantas com propriedades que afetem o humor das pessoas de forma saudável.
Tendências futuras: Produtos híbridos que combinam gorduras animais cultivadas com ingredientes à base de plantas, aprimoramento da infraestrutura para produção de biomassa, fermentação de precisão e carne cultivada, além de inovações no segmento de produtos de delicatessen à base de plantas.
De 25 a 30 de Julho em São Paulo, ocorre mais uma edição da Campus Party, e, lá, será apresentado o concurso Printer Chef, uma forma de integração entre gastronomia e tecnologia. Vale conhecer!
Cristina Souza é CEO da Gouvêa Foodservice.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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