A Vale e a Wabtec Corporation anunciaram nesta quinta-feira, 13, a compra de três locomotivas a bateria FLXdrive e uma parceria para estudos de um motor a amônia como combustível alternativo ao diesel. A expectativa é avançar na descarbonização das operações ferroviárias da mineradora. Hoje, a malha ferroviária da Vale representa 10% das emissões de carbono da empresa, que já anunciou meta de se tornar carbono zero em 2050.
As três locomotivas serão usadas na Estrada de Ferro Carajás (EFC), na qual circula o maior trem de transporte de minério de ferro do mundo, conforme a Vale, com 330 vagões que transportam 45 mil toneladas do produto. A composição é puxada por três ou quatro locomotivas movidas a diesel.
O plano é acoplar as três locomotivas elétricas ao atual trem para puxar a composição ao longo da EFC e, principalmente em um trecho de aclive de cerca de 140 quilômetros, em Açailândia (MA), onde o consumo de combustível é mais elevado. Assim, será formada a primeira composição ferroviária híbrida do País, informa a mineradora.
Atualmente, dois equipamentos a diesel, conhecidos como “helper dinâmicos”, são anexados ao trem para ajudar a vencer a longa rampa da estrada de ferro. Eles serão substituídos pelas locomotivas elétricas. A Wabtec fabricará as locomotivas elétricas em sua unidade em Contagem (MG) e a previsão de entrega é 2026.
As baterias das locomotivas utilizarão tecnologia e um sistema de Energy Management que permitirão recarregá-las a partir da frenagem do trem. Nos trechos de descida, será possível recarregar as baterias, sem precisar parar a operação do trem, num processo chamado de energia regenerativa produzida por frenagem dinâmica.
Com a nova tecnologia, a estimativa é de uma economia de 25 milhões de litros de diesel por ano, considerando o consumo de todas as composições da ferrovia que usam o helper dinâmico. Cerca de 63 mil toneladas de carbono deixariam de ser emitidas, o equivalente ao consumo de aproximadamente 14 mil carros de passeio de mil cilindradas por ano.
Além disso, a Vale e a Wabtec estão avaliando o desenvolvimento de um motor a amônia, que não emite CO2. Os estudos serão realizados, inicialmente, em laboratório para validar o desempenho, a redução de emissões e a viabilidade.
A amônia tem a vantagem de proporcionar mais autonomia maior que outros combustíveis que também não emitem carbono. Além disso, a amônia apresenta uma classificação de alta octanagem e uma infraestrutura de distribuição em larga escala já estabelecida. Os estudos se estenderão pelos próximos dois anos.
“Inicialmente, estamos substituindo as locomotivas a diesel do helper dinâmico por elétricas, mas a ideia é que, no futuro, as outras locomotivas do trem possam ser abastecidas por amônia”, disse a diretora de Energia da Vale, Ludmila Nascimento.
Com informações de Estadão Conteúdo
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