Por Marcos Gouvêa de Souza*
Desde a semana passada está inaugurada a temporada nacional de vacinação preventiva das diversas variantes das gripes oportunistas do começo de outono.
A cada ano, variantes se desenvolvem como parte de um processo evolutivo, obrigando todos a renovarem sua proteção, através de vacinas que são constantemente atualizadas para ampliar o escopo de proteção.
Neste ano, mais uma vez, a H1N1 é a fonte maior de preocupação desta vez combinada com os problemas gerados pelo Zika e outras mazelas.
Tem chamado a atenção as enormes filas que têm se formado nas clínicas especializadas em imunização e, neste ano, de forma mais abrangente, pelos novos formatos de clínicas de pronto e conveniente atendimento que se criaram nos últimos anos como alternativas de custo baixo e acessível aos péssimos serviços prestados pela rede pública.
Os novos players nesse mercado têm crescido e várias redes se formaram com modelo de negócio e gestão que envolvem o varejo de serviços, como Dr. Consulta, Dr. Agora, MinutoMED ou Docctor Med.
Todos esses modelos derivam do que é oferecido, especialmente nos Estados Unidos, onde algumas das redes de drugstores investiram nessas clínicas para oferecerem serviços rápidos, acessíveis e convenientes para casos de baixa complexidade. Da mesma forma, se formaram as redes de assistência odontológica, que precederam as das clínicas, e que hoje já somam perto de 40 marcas com forte expansão via franchising.
De fato, clínicas especializadas, pronto atendimentos e clínicas convenientes e acessíveis estão vivendo seu verdadeiro Natal nesse período. Não apenas pelos serviços que são oferecidos, e bem pagos, mas também porque o quadro de generalizado temor tem ampliado o conhecimento sobre essas alternativas fazendo crescer seu mercado potencial.
A legislação brasileira inibe uma presença mais forte e direta das redes de farmácias e drogarias na incorporação de serviços médicos e aplicação de vacinas, da mesma forma como inibe a ampliação dos serviços de prescrição oftalmológica no ambiente das óticas, nos dois casos na contramão do interesse dos consumidores que poderiam ter nessas redes, de farmácias e óticas, algo que se tornou absolutamente normal e corriqueiro no mercado internacional, especialmente nos Estados Unidos.
Provavelmente existe um entendimento que o consumidor brasileiro é mais vulnerável e precisa da tutela do Estado para protegê-lo do desmedido interesse das redes privadas de farmácias e óticas em prestar melhores e mais amplos serviços a seus clientes.
De qualquer forma o momento é particularmente preocupante pelo cenário de temor e preocupação generalizados criados pela difusão de notícias que ampliam a insegurança e pela constante informação da mídia sobre os cuidados e cautelas necessárias.
Algo que seria melhor tratado, caso houvesse ampliação das alternativas para busca de informação e imunização e não se pode negar que a rede farmacêutica no Brasil, uma das maiores em termos de número de unidades por mil habitantes, poderia ter um papel muito mais relevante nesse processo.
Por enquanto, ficam os temores e os riscos envolvidos e pais preocupados em rapidamente obter imunização para seus filhos e todos em buscar alternativas para se proteger.
Mais um exemplo típico em que a regulamentação excessiva e a oferta incipiente de proteção tem um efeito perverso em toda a população que se vê obrigada a aguardar horas em filas por serviços que deveriam ser ofertados de forma ampla e conveniente, onde quer que fosse possível.
Marcos Gouvêa de Souza ([email protected]) é diretor-geral da GS&MD – Gouvêa de Souza. Siga-o no Twitter: arcosgouveaGS