O impacto da Covid-19 no marketing, no varejo e no consumo no Brasil, a aceleração das transformações digitais nas empresas, a revolução nos meios de pagamentos e os efeitos no comércio brasileiro pautaram os debates do 8º Fórum LIDE do Varejo e Marketing, promovido pelo LIDE – Grupo de Líderes Empresariais, no último fim de semana em São Paulo.
O evento foi híbrido, parte presencial, grande parte ainda online, e evidenciou que a pandemia trouxe transformações significativas nos negócios e na forma de trabalho. Os executivos falaram do aumento da demanda por alguns produtos e serviço e da importância do investimento em novos pontos de contato entre as empresas e seus clientes.
A noite do sábado (3) foi marcada por homenagens e premiações. Marcelo Silva, presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), foi o homenageado especial. Marcos Gouvêa de Souza ,curador do encontro no segmento do Varejo, presidente do LIDE Comércio e fundador e diretor-geral da Gouvêa Ecosystem, e Marcos Quintela, presidente do LIDE Comunicação e do VMLY&R GROUP, receberam homenagens surpresas pelas trajetórias inspiradoras.
Burger King, Barra Shopping (Multiplan), Pernambucanas e Verzani & Sandrini conquistaram o Prêmio LIDE do Varejo e Marketing 2020.
Reinvenção do contato com o consumidor
As mudanças estão ocorrendo em setores dos mais diversos, como no farmacêutico. “Nós potencializamos o nosso canal digital e nos reinventamos para abastecer o médio e pequeno varejo. Com a pandemia, as pessoas deixaram de consumir nos grandes centros e passaram a consumir perto de casa”, comentou a diretora de Consumer Health do Aché Laboratórios, Elizângela Kioko.
Para o CEO da Telhanorte-Tumelero, Juliano Ohta, o tempo ganhou mais valor ainda na pandemia e incentivou o varejo a levar facilidades para as lojas físicas. “Enxergamos que o consumidor está muito mais volúvel. A solução é a retenção dos clientes, com a ampliação dos pontos de contato. O transacional tem de ser bem executado, mas a ligação emocional é a chave”, acrescentou.
Os empresários consideraram, no entanto, que, na era da omnicanalidade, as lojas físicas não perdem importância. “Depois que as nossas lojas foram reabertas, 50% do que a gente vende no online transita por elas”, disse Roberto Fulcherberguer, diretor-presidente da Via Varejo, dona de marcas como Ponto Frio e Casas Bahia.
Omnicanalidade dá autonomia ao cliente
Segundo o vice-presidente de Operações de Loja, Multicanal e Expansão da Raia Drogasil, Renato Cepollina Raduan, a omnicanalidade dá autonomia e prioridade ao cliente. “Durante a pandemia, 80% dos brasileiros usaram o WhatsApp para falar com os varejistas. São os clientes que decidem onde, quando e como querem comprar”, disse.
Seguindo na esteira do crescimento digital, outra que tem muito para comemorar é a Petz, segundo o CEO Sergio Zimerman. Isso porque a varejista de produtos para animais de estimação fortaleceu seu canal digital. “Nosso índice de omnicanalidade cresceu bastante. Quando abrimos uma loja física, aumentamos a loja online em seis vezes”, comemora.
Mas o executivo reforçou ainda que, para a omnicanalidade funcionar, tem de se mudar a cultura na loja física, pois, se ela não for eficiente, não haverá sucesso em outros canais. “Temos de ter ruptura baixa e acuracidade de estoque alta.”
Novos meios de pagamento
A chegada do Pix foi outro tema debatido no encontro. Segundo o chefe do departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do Banco Central do Brasil, Angelo Duarte, o Pix vai preencher alguns gaps nos meios de pagamento, que ainda tem modelos antigos, como cartão e boletos, que geram custos e fricções na hora da compra.
Para Marcelo Azevedo, CFO do Grupo Boticário, o sistema será um grande aliado do varejo. “Aquela figura do consumidor esperando no fundo da loja para o pagamento vai desaparecer. Todas as informações sobre o nosso cliente estarão na mão do nosso vendedor, do início da jornada de compra até a aquisição do produto”, comentou.
Para Marcos Gouvêa de Souza, “com o PIX há uma possibilidade real de crescer o protagonismo do varejo no mercado como um todo, uma vez que, ao ter o controle da jornada do cliente, o varejo será como um ecossistema”, comentou.
Imagens: Reprodução e Gustavo Rampini/LIDE