O varejo está passando por uma revolução silenciosa, mas extremamente poderosa. A ascensão do video commerce tem remodelado a maneira como consumidores interagem com produtos e marcas, criando novas dinâmicas de engajamento e, principalmente, conversão. Em um mercado cada vez mais competitivo, onde a atenção do consumidor é um dos ativos mais valiosos, a adoção de tecnologias que otimizam essa jornada é essencial para quem deseja se destacar.
O vídeo sempre foi um formato de alto impacto na comunicação. Desde os primeiros comerciais televisivos até os conteúdos gerados para redes sociais, a combinação de imagem, som e movimento tem o poder de despertar emoções e impulsionar decisões de compra. O que vemos agora é a integração definitiva desse formato dentro do e-commerce, um movimento potencializado por novas soluções de Inteligência Artificial (IA) que reduzem barreiras de produção e viabilizam a criação de vídeos de maneira escalável, personalizada e custos inferiores de uma produção no modelo tradicional.
Com o avanço das plataformas de social commerce, como StreamShop, TikTok Shop e Instagram Shopping, o consumidor foi educado a consumir conteúdo de forma interativa e dinâmica. O impacto desse comportamento é direto: quando um cliente assiste a um vídeo que demonstra um produto em uso, sua confiança na compra aumenta. Estudos apontam que a conversão em páginas com vídeos pode ser significativamente maior do que naquelas que utilizam apenas imagens estáticas.
Não por acaso, grandes marketplaces e varejistas têm investido massivamente em estratégias de live commerce, trazendo o dinamismo das transmissões ao vivo para aproximar marcas e consumidores. Em mercados como a China, essa tendência já representa uma fatia expressiva das vendas online e, no Brasil, vem ganhando tração rapidamente com a entrada de novos players e soluções tecnológicas que tornam essa experiência cada vez mais acessível para empresas de todos os portes.
Uma das grandes barreiras para a adoção do video commerce em larga escala sempre foi o custo e a complexidade da produção audiovisual. Criar vídeos profissionais demanda tempo, uma equipe especializada e um investimento considerável.
É justamente nesse ponto que a IA generativa surge como um divisor de águas, permitindo que varejistas transformem imagens estáticas de seus produtos em vídeos altamente realistas, com diferentes ângulos, movimentos e até variações de iluminação e cenários. Você provavelmente já viu em suas redes sociais ou grupos de WhatsApp um vídeo criado pela StreamShop sobre os verdadeiros influenciadores brasileiros, no qual personalidades como Dom Pedro II, Castro Alves, Santos Dumont, Clarice Lispector e outros ganham vida.
O que pode parecer uma brincadeira, na verdade, é uma visão do futuro do varejo. O vídeo já ultrapassou 5 milhões de visualizações e foi compartilhado por diversas personalidades, de Ricardo Amorim a Nizan Guanaes. Essa inovação não apenas acelera o processo de criação de conteúdo, mas também democratiza o acesso a ferramentas sofisticadas, antes restritas a grandes marcas com orçamentos robustos. A possibilidade de automatizar a produção de vídeos em escala representa uma vantagem competitiva crucial para quem deseja aprimorar a experiência do cliente sem elevar drasticamente os custos operacionais.
Imagine brinquedos ganhando vida e estimulando o imaginário das crianças, o mercado da moda transformando uma simples foto em um desfile completo ou uma modelo apresentando um produto de forma realista e interativa. Parece incrível, e realmente é.
Tudo isso reforça que o varejo brasileiro, sempre marcado por sua criatividade e capacidade de adaptação, tem muito mais a se beneficiar do que está sendo feito. A rápida adoção do Pix, a digitalização acelerada dos pequenos negócios e o crescimento exponencial do comércio eletrônico são provas de que o setor está pronto para incorporar novas tecnologias. O video commerce e a IA generativa são os próximos passos naturais dessa evolução, permitindo que marcas criem narrativas mais envolventes, construam confiança com seus consumidores e aumentem suas taxas de conversão.
A revolução do vídeo no varejo não é uma tendência passageira – ela representa uma mudança estrutural na forma como as marcas se comunicam e vendem. À medida que novas tecnologias tornam esse formato mais acessível, as empresas que souberem explorar esse potencial estarão à frente na disputa pela atenção (e pelo coração) do consumidor digital.
Lyana Bittencourt é CEO do Grupo Bittencourt.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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